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Este é um espaço onde serão postados artigos da Psicóloga Driele de Freitas sobre Psicologia, Saúde Mental e Qualidade de vida e também contará com a colaboração de outros Psicólogos. 

Envie sugestões dos temas que deseja ler aqui pelo email drielepv@hotmail.com

Fear of missing out (medo de perder): Você tem medo de estar perdendo algo importante o tempo todo?                        

Catarina P. Sette

Você já percebeu o quanto se relaciona com as outras pessoas virtualmente? De uns anos para cá, houve um crescimento das interações humanas nos ambientes virtuais, principalmente com a nova forma das pessoas se comunicarem por meio da internet e com o surgimento das mídias sociais online (Lazer et al., 2009). Hoje em dia, é possível observar o rápido crescimento e a grande popularidade das mídias sociais, como o Facebook, Twitter, Instagram, Youtube, entre outras que tem um número enorme de usuários e também grande fluxo de interação.

Essa nova forma de interação oferece fácil acesso a informações em tempo real sobre as conversas, notícias, atividades e eventos que acontecem com as outras pessoas. A partir do rápido compartilhamento de novidades nessas mídias pesquisas foram desenvolvidas objetivando entender o novo fenômeno caracterizado pelo medo de perder e denominado como Fear of Missing Out (FOMO). O FOMO é uma apreensão generalizada que os outros possam ter experiências gratificantes a partir do qual a pessoa está ausente, isto é, o indivíduo tem o desejo de permanecer continuamente conectado com o que os outros estão fazendo. Também está relacionado a motivações humanas, afetos e comportamentos (Przybylski, Murayama, DeHaan & Gladwell, 2013).

Um exemplo de FOMO é quando a pessoa que checa mensagens no celular no cinema ou acorda de madrugada para olhar as mídias sociais e ver o que as outras pessoas estão fazendo ou mesmo aquele sujeito que checa suas mídias o tempo todo. Nesses casos, a pessoa não pode, não consegue ou não quer ficar desconectado das novidades nas mídias.  O indivíduo vive um sentimento de apreensão de não poder estar acompanhando integralmente a vida no mundo virtual, quando está off-line ou realizando outras atividades, sendo que este fenômeno tem contribuído para o aumento da ansiedade pessoal.

Então, FOMO é apenas um sintoma da vida moderna? É uma coisa esperada diante das mídias sociais online? De acordo com pesquisas o FOMO pode ser previsto com base nos déficits nas satisfações das necessidades psicológicas, demonstrando que as necessidades pessoais podem estar por trás do FOMO. Além disso, foi encontrado que o FOMO foi o mecanismo que ligou a satisfação das necessidades dos adultos com o engajamento nas mídias sociais, isto é, o FOMO é o intermédio entre satisfação e o uso das mídias sociais (Alt, 2015; Przybylski et al., 2013).

O FOMO também tem sido relacionado com demais construtos psicológicos, como é o caso da necessidade de popularidade e estresse percebido (Beyens, Frison & Eggermont, 2016), com uso problemático e dependência da internet e do smartphone (Elhai, Levine, Dvorak & Hall, 2016; Przybylski et al., 2013) e com problemas de sono e alimentação (Beyens et al., 2016; Rosen et al., 2016). Também foi encontrado relações de FOMO com satisfação com a vida (Larrey Dossey, 2014) e com afetos, envolvendo humor e emoções (Kim, Yoo-Lee & Sin, 2011).

A partir das informações levantadas, pode-se entender que o FOMO é um fenômeno recente, porém com algumas investigações importantes para o campo da saúde mental. Não conseguir se desligar do smartphone ou das mídias sociais para olhar as atualizações continuadamente pode ser um indicativo de outros problemas, como baixa autoestima, depressão ou até o vício em internet. Dessa forma, o indivíduo que se perceber com o FOMO pode tentar moderar (controlar) esse sentimento sozinho, pensando na necessidade de se manter o tempo todo conectado e questionar o que efetivamente se deseja como sinônimo de interação social. Caso o autocontrole não funcione, o ideal é buscar uma terapia. O profissional é quem poderá indicar qual é a melhor forma de tratamento e ajudar a encontrar o equilíbrio.

Catarina P. Sette é psicóloga formada pela Universidade São Francisco. É Mestre e Doutoranda em Psicologia, com ênfase em Avaliação Psicológica, pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade São Francisco. Atualmente desenvolve seus estudos na área da Personalidade, mais especificamente Transtornos da Personalidade, Internet, Mídias sociais online e Dependência do smartphone. 

Para acessar demais trabalhos: http://lattes.cnpq.br/7536971100215191

Para contato: catarinasette@hotmail.com

REFERÊNCIAS

Aboujaoude, E. (2011). Foreword. In K. S. Young & C. N. de Abreu. Internet addiction: a handbook and guide to evaluation and treatment. (pp. vii-viii). New Jersey: Wiley.

Beyens, I., Frison, E., & Eggermont, S. (2016). “I don’t want to miss a thing”: Adolescents’ fear of missing out and its relationship to adolescents’ social needs, Facebook use, and Facebook related stress. Computers in Human Behavior, 64, 1-8.

Elhai, J. D., Levine, J. C., Dvorak, R. D., & Hall, B. J. (2016). Fear of missing out, need for touch, anxiety and depression are related to problematic smartphone use. Computers in Human Science, 63, 509-516.

Kim, K. S., Yoo-Lee, E., & Sin, S. J. (2011). Social media as information source: Undergraduates' use and evaluation behavior. Proceedings of the Association for Information Science and Technology, 48(1), 1-3.

Larrey Dossey, M. D. (2014). FOMO, Digital Dementia, and Our Dangerous Experiment. EXPLORE, 10(2).

Lazer, D., Pentland, A., Adamic, L., Aral, S., Barabasi, A. L., Brewer, D., Christakis N., Contractor, N., Fowler, J., Gutmann, M., Jebara, T., King, G., Macy, M., Roy, D., & Van Alstyne, M. (2009). Computational social science.Science, 323(5915), 721–723.

Przybylski, A. K., Murayama, K., DeHaan, C. R., & Gladwell, V. (2013). Motivational, Emotional, and Behavioral Correlates of Fear of Missing Out.Computers in Human Behavior, 29, 1841-1848.

Rosen, L., Carrier, L. M., Miller, A. Rokkum, J., & Ruiz, A. (2016). Sleeping with technology: cognitive, affective, and technology usage predictors of sleep problems among college students. Sleep Health, 2, 49-56.

​© 2016 por Driele de Freitas- Psicóloga Clínica.



 

DRIELE PIRES VICENTINI DE FREITAS PSICÓLOGA CLÍNICA -CRP 06/124770

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